Testemunho de uma amiga e mãe de um menino autista
Autismo não é adjetivo!
"Sei que as palavras da Sra. Ministra da Saúde, pareceram naturais à grande maioria (infelizmente, talvez por falta de conhecimento do transtorno e pela escassa informação difundida) e por isso não foi devidamente compreendida a gravidade das suas palavras, quando proferiu a frase "o governo não é autista", num meio de comunicação social, não considerando que fosse, que uma nomenclatura médica, não foi criada para ser usada com leviandade (fora do contexto médico) e porque o seu uso encerra um estigma, perpetuando-o.
Tal afirmação, denota por si só, uma falta de conhecimento grosseira, não correspondendo de todo à realidade, quando o autismo é um transtorno, cujos défices nas 3 vertentes para validação de diagnóstico, têm uma variabilidade imensa de pessoa para pessoa, quer na sua intensidade, quer na forma de apresentação, que muitas vezes, passa apenas por uma desadequação, comparativamente ao que é tido como padrão "normal", não existindo por isso 2 autistas iguais. E como se o tido como "normal", fosse também ele, rígido e de apresentação métrica em todos os seres humanos, mesmo neurotípicos.
Os autistas, não estão alheios, nem vivem noutro mundo. Eles vivem no mesmo mundo, ainda que o possam sentir e vivenciá-lo de forma um pouco diferente, não só por interesses diferentes e mais focados, como por algumas maiores dificuldades inerentes à condição, como também pela falta inclusão em sociedade e na sua aceitação (que não passa do papel), traduzindo consequentemente, uma inadequação ainda maior e outros problemas relacionados com autoestima e outros de saúde mental. Como exemplo disso, uma enorme prevalência de depressão e taxa de suicídio em pessoas com o transtorno do espectro do autismo.
Texto de Beija Flor