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Crónicas de uma mãe atrapalhada 2: O Meu Menino Talismã

Um dia escrevi sobre as aventuras e desventuras das delícias da maternidade e do milagre da vida! Este é a continuação dessas aventuras com um menino especial com autismo e um raro síndrome de deleção 18P

Crónicas de uma mãe atrapalhada 2: O Meu Menino Talismã

Um dia escrevi sobre as aventuras e desventuras das delícias da maternidade e do milagre da vida! Este é a continuação dessas aventuras com um menino especial com autismo e um raro síndrome de deleção 18P

E ASSIM DE REPENTE, DEMOS POR NÓS JUNTOS HÁ 21 ANOS

Uma história de amor improvável onde até um batráquio fez de Cupido.

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Foto tirada nas nossas primeiras férias pela pela minha amiga Licínia Mesquita.

A história de como nos conhecemos fica para outra vez, se bem que sempre que nos perguntam entreolhamo-nos e rimo-nos.

A verdade é que no dia que nos conhecemos falámos muito e de tudo.

Depois passaram-se quatro meses sem sabermos um do outro.

A verdade é que nesses meses ele não me saía de cabeça, mas tentei afastar a ideia da cabeça sem muito sucesso. Achei que ele tinha mais com que se entreter. Eu era uma professora da província. Ele era um fotógrafo das revistas cor de rosa, na capital. Nunca iria dar certo pensei eu.

Numa conversa telefónica deram-me o número dele. Lembro-me que anotei no cartão que envolvia as latas de Ice Tea e o guardei numa gaveta.

Tinha combinado com uma amiga com quem tinha vivido no Porto, que se um dia fosse Lisboa me avisasse e me arranjasse lugar para ficar com ela.

Naquele ano trabalhava no ensino noturno e o dia 5 de Agosto era o meu primeiro dia de férias.

 Dormitava quando o telefone tocou. Era a minha amiga ia Lisboa e convidava-me aceitei.

 Tomei um banho. Vesti umas calças brancas e uma Túnica negra.  Apanhei o cabelo num rabo de cavalo e maquilhei-me.

Enchi-me de coragem e retirei o cartão da gaveta, liguei-lhe a medo e convidei-o para tomar um café para minha surpresa ele aceitou.

Informei que ia com uma amiga, jantar a casa de uma amiga dela e depois lhe ligaria.

Ficou combinado.

Apanhei o Alfa até Lisboa e pus-me lá num instante, vantagens de viver na cidade ferroviária na época.

 Quando cheguei à Gare do Oriente e ia descer as escadas rolantes a tentar ver o número da minha amiga, o meu telemóvel avaria.

´Por coincidência ou acaso do destino a minha amiga encontrava-se exatamente junto às escadas rolantes que eu acabara de descer.

Fui Jantar com a minha amiga e os seus amigos e colegas de trabalho da Cruz Vermelha e INEM que tinham feito trabalho voluntário em Timor após a sua independência.

Estava muito calor nesse ano. A Noite estava linda e quente como só as noites de Lisboa sabem ser.

Fui-lhe ligando dos telemóveis da minha amiga e dos amigos dela.

 Fui pedindo desculpa pois não lhe sabia explicar em que zona da Margem Sul estava e o pessoal ainda estava no café a decidir para onde ia

Por fim decidiram-se íamos ao Gringos.

Mesmo assim levámos uma hora a lá chegar porque a conversa estava animada e ninguém se decidia a levantar.

Eu ia ligando a desculpar-me.

Por fim lá conseguimos chegar. Ele estava na esplanada. Agradeci-lhe ter esperado uma hora. Sim ele esperou uma hora por mim.

Depois conversámos muito, entre copos e risos.

Lembro-me que a última frase que lhe dito era que no dizia respeito a relacionamentos amorosos estava fechada para obras.

E de repente assim como que num impulso contido que não conseguíamos mais segurar estávamos a beijar-nos.

A verdade é que se não existe amor à primeira vista, eu garanto-vos que existe à segunda, porque estamos juntos desde esse dia. Nunca mais nos separámos.

Passámos o Verão juntos e os poucos dias que tivemos separados tivemos um simpático batráquio a servir de cupido pois na época o portal do Sapo dispunha de um serviço de mensagens gratuito que permitiu que trocássemos perto de 90 mensagens.

O Verão acabou e eu não tinha fica colocada e ele pediu-me para vir ter com ele a Lisboa e eu fui ficando “como quem perde a hora, ou não tem nada a perder”.

 Quando de repente percebemos que estávamos a viver juntos.

E eu que tinha dito a alguém que nós os dois juntos não iria dar certo pois éramos parecidos demais e quando nos zangássemos partíamos uma casa.

Já partimos muita coisa, a casa vai-se aguentando.  Construímos uma família.

Continuamos juntos. Não somos perfeitos. Zangamo-nos, discutimos, discordamos e temos a relação que fez muita gente dizer “Não lhes dou nem um mês”.

 Sobrevivemos a sermos Cuidadores. Sobrevivemos a uma filha que não dormia. Sobrevivemos a um diagnóstico tardio de Autismo do nosso filho e a um ainda mais tardio de um síndrome raro e sermos cuidadores.

Vimos os nossos amigos e familiares casarem-se e separem-se e nós sobrevivemos.

Ainda vivemos no turbilhão da Pandemia Covid e não sei o que o Futuro nos reserva, mas 21 anos de vida conjunta já ninguém nos tira.

Obrigada Tikina por me teres convidado aquele dia para vir ter a Lisboa Contigo.

Obrigada Batráquio por servires de Cupido.

21 Grasnados

Grasnar post

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