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Crónicas de uma mãe atrapalhada 2: O Meu Menino Talismã

Um dia escrevi sobre as aventuras e desventuras das delícias da maternidade e do milagre da vida! Este é a continuação dessas aventuras com um menino especial com autismo e um raro síndrome de deleção 18P

Crónicas de uma mãe atrapalhada 2: O Meu Menino Talismã

Um dia escrevi sobre as aventuras e desventuras das delícias da maternidade e do milagre da vida! Este é a continuação dessas aventuras com um menino especial com autismo e um raro síndrome de deleção 18P

Descobrindo o autismo.

 

O que é o autismo?

O desconhecimento sobre o autismo, conhecido cientificamente como Transtorno do Espectro Autista – TEA –, é o principal motivo pelo qual este quadro ainda seja alvo de preconceitos, fazendo com que pais cujos filhos foram diagnosticados com autismo sintam uma real dificuldade na obtenção de informação sistematizada sobre o tema.

De acordo com o último manual de saúde mental – DSM-5, que é um guia de classificação diagnóstica, diversos quadros se juntaram para receber um único diagnóstico como Transtornos do Espectro Autista. São eles:

  • Transtorno Autista;
  • Transtorno Desintegrativo da Infância;
  • Transtorno Generalizado do Desenvolvido Não Especificado;
  • Síndrome de Asperger.

 

O TEA consiste, então, num grupo de desordens complexas do desenvolvimento

do cérebro, antes, durante ou logo após o nascimento. A neurologia, neste ponto, aponta que o TEA é originado a partir de falhas genéticas, que consistem na presença de “erros” na formação de vários genes diferentes, o que explica a complexidade nos graus de autismo: leve, moderado ou elevado. Ora, esses genes estão localizados na fenda sináptica, ou seja, na conexão entre neurónios, determinantes para a forma como as células comunicam entre si. Desta forma, o cérebro autista pode apresentar défices de hipoconectividade, quando as células de diferentes áreas do cérebro comunicam menos; ou de hiperconectividade, quando os neurónios comunicam em excesso. Para descobrir as causas genéticas, é necessária uma investigação aprofundada, uma vez que existem, pelo menos, 450 genes de predisposição ao autismo. Contudo, o autismo também se pode manifestar no decurso de traumas durante o desenvolvimento do feto, que podem ser de origem física, imonulógica ou devido a alguma reacção medicamentosa, por exemplo, anti-epilépticos usados pela grávida durante a gestação.

            Estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo apresentam autismo. Inclusivamente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que uma a cada 160 crianças no mundo apresenta um quadro de autismo. Em Portugal, esse número é de uma criança em cada mil.

            O autismo é ainda mais comum entre as pessoas do sexo masculino: a cada cinco crianças diagnosticadas, quatro são meninos. O motivo dessa diferença ainda está em apuramento científico mas uma das teorias com mais relevo diz-nos que grande parte dos genes alterados no autismo encontra-se no cromossoma X. As mulheres têm dois cromossomas X, portanto, poderão compensar mutações que possam ocorrer nesses genes. Já os homens, por possuírem apenas um cromossoma X, estarão mais vulneráveis a um quadro de autismo.

Quais os sintomas do Autismo?

O primeiro sinal percebido pelos pais costuma ser o atraso na fala, por volta dos dois anos, quando a criança não verbaliza ou não verbaliza tanto como seria expectável para a sua idade.

E até mesmo antes, durante os primeiros meses de vida, existem sinais subtis de uma interacção social que os pais definem como “não sendo normal”. Por exemplo, o bebé não olhar tanto para os olhos dos pais ou continuar a brincar, não olhando quando ouve o seu nome.

De um modo geral, estes são os principais sintomas de um quadro de autismo:

 

- Dificuldade de relacionamento interpessoal;

- Pouco ou nenhum contacto visual;

- Riso inadequado;

- Busca pelo isolamento social;

- Fixação visual em objectos;

- Aparente insensibilidade à dor;

- Rotação repetitiva de objectos;

- Hiper ou inactividade;

- Ecolalia (repetição de palavras ou frases);

- Recusa de demonstrações de carinho (colo, abraços);

- Não responder pelo nome;

- Dificuldade em expressar necessidades;

- Dificuldades de aprendizagem;

- Repetição desnecessária de assuntos;

- Dificuldade de mudança na rotina;

- Não ter consciência das situações de perigo;

- Movimentos repetitivos, conhecidos como estereotipias (balançar as mãos, bater os pés, etc);

- Acessos de raiva;

- Desorganização sensorial;

- Convulsões;

- Perturbações do sono e da alimentação;

- Ansiedade;

- Transtorno do Défice de Atenção e Hiperactividade;

- Falta ou excesso de sensibilidade a estímulos sensoriais (como sons, luzes e dor).

 

            Importa aqui referir que nem todas as pessoas com autismo vão apresentar as mesmas características, devido à amplitude do espectro e à particularidade de cada caso. Pessoas com um grau mais leve, tendem a apresentar dificuldades de linguagem e interacção, como compreender anedotas ou expressões, mas em geral conseguem ter uma vida independente. Já em graus mais elevados, podem manifestar ausência de comunicação verbal e dependência para a realização de actividades quotidianas.

 

Habilidades, possíveis, de quem é dignosticado com TEA

As pessoas com TEA podem destacar-se em habilidades visuais, música, arte e matemática. Outras características comuns são:

            - Facilidade para aprender através de estimulos visuais;

            - Muita atenção ao detalhe e exactidão;

            - Capacidade de memória muito acima da média;

            - Repetição de informações, rotinas ou processos uma vez aprendidos;

            - Grande concentração numa área de interesse específica durante muito tempo, normalmente optando por estudar ou trabalhar em áreas próximas;

            - Paixão pela rotina, o que é favorável na execução de alguns trabalhos;

            - São pessoas leais e de confiança.

 

Como é o diagnóstico do autismo?

            O diagnóstico do autismo deve ser realizado por um profissional especializado, como o pediatra ou pedopsiquiatra. Uma vez que não existem exames que permitam identificar com a máxima precisão este quadro, o diagnóstico é feito por meio de observação da criança e realização de testes, ocorrendo normalmente entre os dois e trÊs anos de idade.

            A confirmação costuma acontecer quando os pais relatam que a criança possui as três caracteristicas do autismo: dificuldades na interação social, alteraçao comportamental e ificuldade na comunicação.

            Normalmente, com esses sintomas, o médico confirma o diagnóstico de TEA que, por sua vez, se pode manigestar em distintos graus.

            Em casos de autismo leve, o transtorno pode demorar mais tempo para ser diagnosticado, por ser confundido com outros quadros, como timidez, excentricidade ou falta de atenção.

 

            Como é feito o tratamento?

            Uma vez diagnosticado, indica-se um acompanhamento multidisciplinar que pode envolver profissionais como neurologistas, psicólogos, psiquiatras e fonoaudiólogos. Para um tratamento mais eficiente é igualmente importante estar atento às comorbidades, isto é, perturbações que podem acompanhar o autismo: ansiedade, depressão, défice de hiperactividade e de atenção, entre outros.

            Em muitos casos, os profissionais que acompanham a criança também indicam o tratamento e orientação dos familiares com um psicologo, devido ao desgaste que pode ser provocado na familia.

            Assim, o TEA, que pode ser caracterizado pelo transtorno autista, Sindrome de Asperger e outras condições exige um acompamhamento médico especializado, sendo que o diagnóstico precoce e inicio do tratamento contribuem para um melhor prognóstico do quadro.

            Para a próxima semana, não percam um artigo sobre actividades enriquecedoras entre pais e filhos.

            Até lá!

Texto escrito por

Sofia de Castro Sousa

Uma parceria com.

Clinica de Psicologia Sofia de Castro Sousa

 

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