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Crónicas de uma mãe atrapalhada 2: O Meu Menino Talismã

Um dia escrevi sobre as aventuras e desventuras das delícias da maternidade e do milagre da vida! Este é a continuação dessas aventuras com um menino especial com autismo e um raro síndrome de deleção 18P

Crónicas de uma mãe atrapalhada 2: O Meu Menino Talismã

Um dia escrevi sobre as aventuras e desventuras das delícias da maternidade e do milagre da vida! Este é a continuação dessas aventuras com um menino especial com autismo e um raro síndrome de deleção 18P

DE UMA VEZ POR TODAS A CULPA NÃO É TUA

sobre o sentimento de culpa das mães especiais

 Este texto é para mim e para quem nele se reconhecer.  Há uma espécie de pressão na sociedade  para que as mães sejam perfeitas e as mães acabam sempre por se sentirem culpadas de algo.  A pressão é ainda maior quando algo corre mal a nível de saúde e a criança tem um diagnóstico como o autismo, síndrome genético ou outro transtorno.

 A nossa mente revê mentalmente tudo o que fizemos desde o dia em que soubemos da Gravidez.    E as dúvidas começam a atormentar-nos. Porque as críticas e tudo o que lês te fazem sentir culpada. Se calhar não devia ter comido aquele alimento que dizem que não era bom paras as grávidas. Se calhar não me devia ter esquecido do suplemento. Ou foi do medicamento que tomei para as dores de cabeça ou para o stress, ou para asma. E depois surgem os mil e um artigos a dizer que  de acordo com algumas pesquisas  ferro a mais ou ferro menos causam autismo. Que o stress e a poluição causam autismo. Que o alimento x  faz com que a probabilidade aumente e até o grupo sanguíneo… Porque a as mães são jovens demais ou velhas demais…

A nossa mente depois vira-se depois  para o desenvolvimento do bebé. Se lhe tivesse mais atenção, se o tivesse estimulado mais. Se calhar dei atenção a mais, se calhar deia atenção a menos. Não devia ter dormido com ele.  Devia ter dormido. Dei colo a mais, dei colo a menos. Porque amamentei muito tempo, porque não pude amamentar. Porque o deixei cair ou porque partiu a cabeça naquele dia, ou cortou o dedo na porta.  Porque a casa estava desarrumada. Porque a casa estava demasiado arrumada.

Porque devia ter percebido  mais cedo. Porque percebi tarde demais. Porque segui os conselhos do médico. Porque não segui os conselhos do médico. Porque lhe dei alimentos com glúten e lactose. Porque  não lhe deste  alimentos biológicos.

 Porque, porque, porque…

seja qual for  a causa vais arranjar um motivo para te culpar, porque o teu filho, a tua filha nunca se vai encaixar no padrão social de perfeição e tu sentes que falhaste porque há mil e um dizeres e olhares a te culpabilizar.

A culpa não é tua. Não tens culpa de nada. E o teu filho, a tua filha, podem não ser perfeitos aos olhos dos outros, mas tu sabes encontrar a perfeição que nele existe. Consegues ver melhor do que ninguém as pequenas grandes conquistas de que  é capaz.

E esta preocupação que tens , que te faz pensar que falhaste em alguma coisa, que és culpada, só mostra o quanto te preocupas e amas o teu filho. 

Acredita tu deste o teu melhor, fizeste o teu melhor, foste a melhor mãe que podias ser porque lhe deste o que de mais precioso há neste mundo: o teu amor incondicional.

O teu filho ou a tua filha nasceu assim, da mesma forma que há quem ganhe  o  Euromilhões entre milhões de pessoas. Porque há coisas e acontecimentos que ninguém controla.

A única coisa de que tens culpa é de te culpares a ti própria. Por isso segue em frente e pára de te culpar.

Lembra-te sempre: és a melhor mãe do mundo,porque o amas incondicionalmente e isso é o que importa.

Dedicado a todas as mães que lutam com o sentimento de culpa.