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Crónicas de uma mãe atrapalhada 2: O Meu Menino Talismã

Um dia escrevi sobre as aventuras e desventuras das delícias da maternidade e do milagre da vida! Este é a continuação dessas aventuras com um menino especial com autismo e um raro síndrome de deleção 18P

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10 Mitos e Verdades sobre o Autismo Infantil- Consultório#2

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Quem convive ou trabalha com crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), sabe que muitas vezes somos confrontadas com preconceitos ou falsas informações sobre o autismo infantil.

Por isso, decidi escrever este artigo para desmontar alguns mitos sobre o autismo, incidindo igualmente luz nos factos verdadeiros.

Vamos a isso!

 

  1. Autismo é uma doença. MITO!

Autismo não é uma doença. É um conjunto de características que afecta o desenvolvimento do indivíduo no âmbito comportamental, dificultando sua capacidade de interação social e adaptação ao meio em que vive.

 

  1. É impossível saber que o meu bebé tem autismo. MITO!

Na maioria dos casos, o autismo pode ser identificado nos primeiros meses de vida, manifestando-se contudo com maior nitidez nos primeiros três anos de vida. Os próprios pais podem observar indícios de autismo no bebé: por exemplo, quando chamam o seu nome, ele não reage. Do mesmo modo, quando a criança antes dos três anos de idade apresenta dificuldades na interacção social, com pouco ou nenhum contacto visual com as pessoas que a rodeiam.

Outras características que também podem indiciar a presença de um quadro de autismo é quando a criança repete sistematicamente os mesmos movimentos, quando ela mostra uma fixação por determinados objectos e quando apresenta uma hipersensibilidade a sons e odores.

 

  1. Autismo infantil só acontece em meninos. MITO!

O autismo infantil tem maior incidência em meninos, mas pode ocorrer nas meninas também. A proporção é de que o TEA acontece quatro vezes mais em crianças do sexo masculino em relação ao sexo feminino.

 

  1. Existem diferentes graus de autismo. VERDADE!

O Transtorno do Espectro Autista, justamente devido ao grande número de caraterísticas que agrega, é dividido em diversos níveis de severidade. Entre estes níveis, podemos encontrar três principais: o leve, moderado e o severo:

 

Autismo Leve: é aquele em que há um pequeno número de sintomas. Neste caso, a criança diagnosticada com autismo infantil de grau leve consegue geralmente levar uma vida muito próxima à vida comum. Os sintomas variam de problemas de comunicação a padrões de repetição de movimentos, além da dificuldade em olhar as outras pessoas nos olhos.

 

Autismo Moderado: o autismo infantil num grau moderado já apresenta dificuldades mais acentuadas de comunicação, sendo elas verbais ou não. Essa restrição limita consequentemente a interação com outras pessoas, portanto o indivíduo necessita de maior apoio, se comparado ao paciente diagnosticado com autismo leve. Outro ponto importante é que a criança tem uma certa dificuldade em lidar com mudanças de rotina, até mesmo com alterações simples, como um novo alimento, por exemplo.

 

Autismo Severo: num grau mais severo, a criança demonstra mais dificuldade no seu quotidiano, numa intensidade muito maior. Desta forma, o indivíduo tem grande necessidade de apoio, pois as dificuldades de adaptação à sociedade são bem acentuadas. Neste ponto, há casos onde a fala é extremamente comprometida, além de apresentar um comportamento agressivo em determinadas situações. Todas essas características são agravadas quando não é realizado o tratamento adequado.

 

  1. A criança com autismo vive num outro mundo. MITO!

Isto não é verdade. O que acontece é que a criança com autismo convive com as pessoas de forma diferente, com maior dificuldade de interação social e de comunicação, o que muitas vezes gera maior isolamento.

Por isso, o apoio dos pais e as acções terapêuticas são fundamentais para incluir a criança de forma mais participativa na sociedade e com mais independência, confiança e autonomia.

 

  1. O autista tem um QI acima da média. MITO!

Cada criança com autismo apresenta diferentes características e habilidades diferentes, inclusive na questão intelectual. Como na sociedade em geral, existem pessoas que têm um QI acima da média, mostrando capacidades maiores especialmente para a matemática, pintura ou música, por exemplo.

 

  1. A criança autista não gosta de ser tocada. DEPENDE!

Não é uma regra. Existem crianças com autismo que são hipersensíveis ao toque de outras pessoas e efectivamente não gostam de muito contacto. Porém, outra parte tem dificuldade em se expressar ao receber um carinho. Alguns podem gritar ou mostrarem-se mais incomodados por simplesmente não saberem como agir neste tipo de situação.

 

 

  1. Não sabemos ao certo as causas do autismo infantil. VERDADE!

O Transtorno do Espectro Autista ainda não tem causas muito bem definidas. No entanto, o consenso entre os especialistas é que o autismo está, na grande maioria dos casos, relacionado com a genética (90%), enquanto os 10% restantes estão ligados a factores do ambiente.

Isso significa que o transtorno pode ser transmitido dos pais para o filho ou por mutações espontâneas que acontecem no momento da divisão celular. Por isso, se uma família já tem uma criança com autismo, a possibilidade do segundo filho também nascer com TEA é grande.

 

  1. Autismo infantil não tem tratamento. MITO!

Com a possibilidade de identificação do autismo infantil já nos primeiros meses de vida, é essencial começar o tratamento para ajudar a criança a desenvolver-se da melhor maneira possível.

O mais indicado é que esse tratamento seja feito por uma equipa multidisciplinar, com terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais, psicólogos, educadores e professores. Todas as actividades desenvolvidas visam melhorar as capacidades corporais e intelectuais, além da interacção social.

Como se trata de um transtorno muito heterogéneo, os profissionais que cuidam da criança vão indicar um tratamento individualizado, com actividades específicas para cada uma, além de acompanhar de perto a evolução de cada caso.

Ainda não há cura para o autismo, mas com o tratamento adequado e iniciado o mais precocemente possível, é possível obter resultados significativos na redução do nível de alguns sintomas, melhorar a capacidade de interacção social e a comunicação, para que a criança chegue à idade adulta adaptada, com boa qualidade de vida e de maneira independente.

Para os pais, é extremamente importante prepararem-se para receber orientação especializada por forma a ajudar ao máximo o desenvolvimento da criança com autismo.

 

  1. A criança com autismo não pode praticar um desporto. MITO!

Pelo contrário, é muito recomendado que todas as crianças pratiquem uma actividade física regularmente.

No caso do autismo infantil, a prática do desporto é ainda mais importante, já que uma significativa percentagem tem dificuldades de coordenação motora. Sendo assim, actividades como a natação, basquetebol, futebol, bicicleta, corrida, entre outras, ajudam não somente nas habilidades motoras, como também melhora as funções cognitivas, a atenção, o equilíbrio e até mesmo a auto-estima da criança, porque ela consegue tornar-se mais independente no dia-a-dia.

Texto escrito por

Sofia de Castro Sousa

Uma parceria com.

Clinica de Psicologia Sofia de Castro Sousa