Hoje fomos à consulta de Oftalmologia e como é que correu?
Correu muito mal.
Primeiro o Exmo. senhor Gonçalo não queria sair de casa, pelo que acabámos por chegar atrasados. A consulta era no Hospital dos Lusíadas. Quando fiz a marcação via telefone tinha pedido expressamente para estar indicado que a o Gonçalo era um menino com TEA. Ora não havia indicação nenhuma. Também tinha marcado para a Bárbara que estava dentro do
Horário e foi logo atendida. Do Gonçalo tive que esperar que a Doutora autorizasse a consulta.
Após ser concedida a autorização aguardámos pouco tempo e foi chamado á Triagem. Voltei a explicar o que se passava com o Gonçalo. O Técnico que fez a Triagem era um jovem muito simpático e atencioso com o Gonçalo, mas a o fim de quatro tentativas tivemos de desistir.
O Gonçalo queria fica ali a brincar com a máquina, pelo que, quando o contrariei se deitou no chão, ( o que me irrita profundamente) , respirei fundo e fiz-lhe um ataque de cócegas, aproveitando a distração para o levantar e rebocar até á porta do Gabinete da doutora onde estava a irmã. Depois da irmã sair, a doutora ainda atendeu outro menino que tinha chamado porque nos atrasamos. A irmã felizmente tem uma ótima visão e não precisa de nada.
Passado algum tempo, fomos chamados. A Dr.ª Bárbara Borges foi muito simpática e atenciosa. O Gonçalo correu logo para a cadeira alta, eu ia dizer-lhe para ele sair da cadeira, mas a doutora disse-me para o deixar estar.
De seguida, conseguimos que pusesse os óculos de teste. As letras estavam fora de questão por isso a doutora passou imagens para ele dizer. A primeira era o desenho de um carro. Perguntou-lhe se ele sabia o que era e ele respondeu um som que se aproximava de “automóvel” mas “aespanholado” Depois passou o desenho de uma mão. Mas o Gonçalo já não queria ter os óculos. E não tem mais nada, nem vai de modas toca a ir direitinho até ao ecrã e pôr a sua mão em cima da do desenho ( curiosamente encaixava na perfeição em tamanho e largura). Ainda tentámos mais duas vezes, mas tivemos de desistir. Chamei o pai para me ajudar, mas nem com a ajuda dele, conseguimos que ele parasse quieto e colaborasse.
A Dr.a disse que ele era demasiado ativo para ter problemas de visão , mas optou por lhe receitar umas gotas destinadas a dilatarem a pupila, para lhe por três dias antes da próxima consulta.
Fui fazer os pagamentos. Enquanto me registavam as faturas eu contava ao pai, o “ataque” irresistível que o Gonçalo teve para ir pôr a mão no desenho da mão no ecrã dizendo-lhe que devia ter visto algo semelhante nos desenhos animados como se fosse um portal mágico, e conforme digo, isso tenho um ataque de riso, que confesso me custou a controlar. É para o que me dá quando isto corre para o torto.
Depois fomos para o elevador e entraram dois Homens. O Gonçalo que não parava quieto, deu-lhe para saltar apesar dos nossos esforços bem visíveis para o parar. Independentemente da problemática do Gonçalo é acima de tudo uma criança e não a única que faz isso, porque já vi muitas fazê-lo.
O Homem de aspeto mais velho vira-se para mim com cara de enjoado e como achasse que lhe devia alguma coisa num tom arrogante diz-me:
- Isto assim não pode ser. O elevador não consegue.
Hesito uns segundos antes de sair que tinha chegado ao meu piso e respondo-lhe:
- Tome uma aguinha com gás que isso passa-lhe. Pessoalmente não gosto, mas ouvi dizer que ajuda ao enjoo. - E saio sem esperar pela resposta.
Isto com o Gonçalo pelo menos, nunca há monotonia….