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Crónicas de uma mãe atrapalhada 2: O Meu Menino Talismã

Um dia escrevi sobre as aventuras e desventuras das delícias da maternidade e do milagre da vida! Este é a continuação dessas aventuras com um menino especial com autismo e um raro síndrome de deleção 18P

Crónicas de uma mãe atrapalhada 2: O Meu Menino Talismã

Um dia escrevi sobre as aventuras e desventuras das delícias da maternidade e do milagre da vida! Este é a continuação dessas aventuras com um menino especial com autismo e um raro síndrome de deleção 18P

Não desaparecemos...

sei que estou sem dar notícias há uns tempos e sem ler os vossos cantinhos. Tenho vindo aqui só de passagem. ver o mail e responder os comentários. Decidi tirar também umas férias de internet e tentar aproveitar o máximo.

O Gonçalo até aos três anos tinha pânico de água, agora o problema é tirá-lo de lá. Hoje fomos divertir-nos um pouco na  Matinha de Queluz. Depois com mais tempo faço umas atualizações. Vou deixar no próximo post o texto que escrevi no dia em que o Gonçalo perdeu o medo da água,  e depois volto com novidades.

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O primeiro banho de mar do Gonçalo- Uma memória

O primeiro banho de mar do Gonçalo
Qual foi a razão não sei, talvez apenas este tenha sido o seu tempo. Talvez ele tenha achado que agora sim era o seu tempo de mar. Assim que pisou a areia quis sentar-se a brincar. Tive que pegar nele ao colo, e já está muito pesado, para andarmos mais para a frente. Eu e a irmã fomos a água e pareceu-me sentir nele a vontade de nos seguir. Mas ficou-se por ali sentado a brincar com a areia com as suas pás e baldinho.


  Quando regressei fui com ele buscar água no baldinho, senti-lhe de novo a vontade, mas percebi que nesta ida o medo vencera, pois pedira-me o colo. Regressámos com o baldinho com água e brincámos com as forminhas. Era vez de o pai ficar com Gonçalo. Fui de novo a água com a irmã. Quando íamos a sair vi-o com pai. Ele estava a brincar junto á agua atirava areia às ondas e ia entrando cada vez mais na água. Fiquei tão feliz.
Ele estava a brincar tão feliz à beira de água que nem dava pela minha presença. Assim que me viu veio para o pé de mim. Ganhou coragem e entrou um pouco mais por água dentro sozinho, mas desequilibrou-se na areia e por pouco não caiu. Não desistiu. Aproveitou o facto de eu o ter amparado e pegou-me na mão e puxou-me o que no seu jeitinho muito próprio quer dizer vem comigo mãe e pela primeira vez enfrentou o grande mar e adorou.


Ria-se quando as ondas o molhavam, quando saltávamos sobre as ondas e mesmo quando fugíamos delas. É oficial hoje dia 25 de Julho de 2016,no seu primeiro dia de praia deste ano, o Gonçalo perdeu oficialmente o seu medo, o seu grande pânico que o fazia chorar só de o avistar e deu o seu verdadeiro primeiro banho de mar. Muito bem filho! A mamã inchou de orgulho. Tenho muito orgulho em ti pequeno Guerreiro! Sabes hoje foi dia de mar, mas todos os dias são dias de te amar!

Não desaparecemos...

sei que estou sem dar notícias há uns tempos e sem ler os vossos cantinhos. Tenho vindo aqui só de passagem. ver o mail e responder os comentários. Decidi tirar também umas férias de internet e tentar aproveitar o máximo.

O Gonçalo até aos três anos tinha pânico de água, agora o problema é tirá-lo de lá. Hoje fomos divertir-nos um pouco na  Matinha de Queluz. Depois com mais tempo faço umas atualizações. Vou deixar no próximo post o texto que escrevi no dia em que o Gonçalo perdeu o medo da água,  e depois volto com novidades.

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Andamos a passear...

Não vamos passar férias em nenhum sitio paradisíaco.Vamos mesmo fazer férias pelas redondezas . Uns passeios pelo nosso jardim preferido. Uns banhos de sol e de mar, ali pela Caparica. Umas idas à feira da caparica.Não poderíamos ir para muito longe.Não porque não goste de viajar,mas porque temos pessoas idosas depentesde nós.E porque o orçamento é curto. Por isso, fazemos como uma sehora colunável disse uma vez:

" vamos brincar aos pobrezinhos".  A diferença, cara senhora, é que não somos pobrezinhos a ponto de passar fome , pelo menos para já,mas tenho  a certeza que  nos divertimos muito mais que essa senhora. 

Eu depois conto os nossos passeios com mais tempo. Posso não vir aqui com tanta frequência,mas vamos dando um pulinho por aqui. Estas são as nossas férias. Até já ..Beijinhos meus e do Gonçalo e da toda a familia.

A CONSULTA DE OFTALMOLOGIA

 

Hoje fomos à consulta de Oftalmologia e como é que correu?

Correu muito mal.

Primeiro o Exmo. senhor Gonçalo não queria sair de casa, pelo que acabámos por chegar atrasados. A consulta era no Hospital dos Lusíadas. Quando fiz a marcação via telefone tinha pedido expressamente para estar indicado que a o Gonçalo era um menino com TEA. Ora não havia indicação nenhuma. Também tinha marcado para a Bárbara que estava dentro do

Horário e foi logo atendida.  Do Gonçalo tive que esperar que a Doutora autorizasse a consulta.

Após ser concedida a autorização aguardámos pouco tempo e foi chamado á Triagem. Voltei a explicar o que se passava com o Gonçalo. O Técnico que fez a Triagem era um jovem muito simpático e atencioso com o Gonçalo, mas a o fim de quatro tentativas tivemos de desistir.

 

 O Gonçalo queria fica ali a brincar com a máquina, pelo que, quando o contrariei se deitou no chão, ( o que me irrita profundamente) , respirei fundo e fiz-lhe um ataque de cócegas, aproveitando a distração para o levantar e rebocar até á porta do Gabinete da doutora onde  estava a irmã. Depois da irmã sair, a doutora ainda atendeu outro menino que tinha chamado porque nos atrasamos.  A irmã felizmente tem uma ótima visão e não precisa de nada.

 

Passado algum tempo, fomos chamados. A Dr.ª Bárbara Borges foi muito simpática e atenciosa. O Gonçalo correu logo para a cadeira alta, eu ia dizer-lhe para ele sair da cadeira, mas a doutora disse-me para o deixar estar.

 

De seguida, conseguimos que pusesse os óculos de teste.  As letras estavam fora de questão por isso a doutora passou imagens para ele dizer. A primeira era o desenho de um carro. Perguntou-lhe se ele sabia o que era e ele respondeu um som que se aproximava de “automóvel” mas “aespanholado”  Depois passou o desenho de uma mão. Mas o Gonçalo já não queria ter os óculos. E não tem mais nada, nem vai de modas toca a ir direitinho até ao ecrã e pôr a sua mão em cima da do desenho ( curiosamente encaixava na perfeição em tamanho e largura). Ainda tentámos mais duas vezes, mas tivemos de desistir.  Chamei o pai para me ajudar, mas nem com a ajuda dele, conseguimos que ele parasse quieto e colaborasse.

 

A Dr.a disse que ele era demasiado ativo para ter problemas de visão , mas optou por lhe receitar umas gotas destinadas a dilatarem a pupila, para lhe por três dias antes da próxima consulta.

Fui fazer os pagamentos. Enquanto   me registavam as faturas eu contava ao pai, o “ataque” irresistível  que o Gonçalo teve para ir pôr a mão no desenho da  mão no ecrã dizendo-lhe que devia ter visto algo semelhante nos desenhos animados como se fosse um portal mágico, e conforme digo, isso tenho um ataque de riso, que confesso me custou a controlar. É para o que me dá quando isto corre para o torto.

Depois fomos para o elevador e entraram dois Homens. O Gonçalo que não parava quieto, deu-lhe para saltar apesar dos nossos esforços bem visíveis para o parar. Independentemente da problemática do Gonçalo é acima de tudo uma criança e não a única que faz isso, porque já vi muitas fazê-lo.

O Homem de aspeto mais velho vira-se para mim com cara de enjoado e como achasse que lhe devia alguma coisa num tom arrogante diz-me:

- Isto assim não pode ser. O elevador não consegue.

Hesito uns segundos antes de sair que tinha chegado ao meu piso e respondo-lhe:

- Tome uma aguinha com gás que isso passa-lhe. Pessoalmente não gosto, mas ouvi dizer que ajuda ao enjoo. - E saio sem esperar pela resposta.

 

Isto com o Gonçalo pelo menos, nunca há monotonia….

 

AVÔ AQUELE MENINO NÃO QUER BRINCAR COMIGO!!!!

 

Estava eu com o Gonçalo no parque. E ouvi uma das meninas de um grupinho de meninas cujas idades variavam dos dois aos seis dizer isto ao avô.

_ Avô aquele menino não quer brincar comigo- o avô respondeu o que acho que qualquer um faria.

- Deixa lá o menino. O avô brinca contigo.

 Olhei e apercebi-me que a menina se referia ao meu filho que era o único menino presente na altura.

 

Na verdade, o Gonçalo olhava-as feliz de as ouvir rir e perseguirem-se umas às outras. Até dava gargalhadas de as ver brincar. Percebi que ele queria brincar com elas, mas não sabia como.

Tentei incentivá-lo a juntar-se à correria, mas acanhou-se e não soube como fazê-lo. Assim que pude aproximei-me do avô da menina e de forma delicada e o mais objetivamente que consegui expliquei o que se passava com ele. Não era não querer brincar, mas ele não sabe como o fazer. Encontrei esta imagem que publico aqui no final, no site da Oficina de Psicologia do Brasil e acho que pode ser bastante esclarecedora.

Se um dia um menino ou uma menina no Parque, parecer não querer brincar com os vossos filhos pode ser este o caso. Ensinar os vossos filhos a brincarem com estas crianças pode ser um pequeno grande passo para vocês e para mim na construção de um mundo melhor. Então aqui ficam algumas informações que nos podem ajudar:

oieusouautiusta.jpg

 imagem retirada daqui

UM BLOG DIFERENTE!!!!!!!!!!!!!!

euegongas.jpg

 

Antes de fazer o blog do Gonçalo hesitei muito em como o fazer.  Não tenho desenhos bonitos de nada, de mim porque o meu filho não gosta de desenhar. Tenho poucas conversas engraças para partilhar porque o Gonçalo expressa-se muito pouco verbalmente. Então como fazê-lo?  Como descrever a dor e a ternura de ser mãe de alguém tão único, tão especial?

Por um lado, queria defender a causa do transtorno do espetro do autismo. À primeira vista são crianças normais. E por o parecerem a sociedade das mães e pais perfeitos olha estas crianças e os seus pais de lado no caso do meu filho não tem os maneirismos estereotipados nos filmes. Aliás sempre foi cheio de vida, sociável, o único sinal indicador era não verbalizar as palavras, mas há crianças que falam tarde…enfim ninguém me ouvia quando o meu coração de mãe dizia que neste caso não era normal…

Mas não queria que fosse só isso. Queria também partilhar as minhas angústias de mãe, a minha luta, as minhas derrotas e as minhas vitórias… Por mais pequenas e sem importância que pareçam para a maioria das pessoas. Mas não queria que isto fosse um muro de lamentações, nem dar a ideia de ser uma supermãe que aguenta tudo com um sorriso na cara porque também não o sou e passar essa imagem seria uma hipocrisia da minha parte. Por vezes é difícil, o equilíbrio pretendido.

 Por outro não queria centrar o blog só nisso, mas no Gonçalo. Dar a conhecer como uma criança destas pode ser amorosa, generosa, alegre, cativante, única, se lhe dermos oportunidade.  E desta forma sensibilizar outros pais para incentivarem os seus filhos a tentarem interagir com estas crianças e também aos poucos dar-lhes a conhecer como o podem fazer.

Por isso quero agradecer aos que nos visitam. Voltem sempre mesmo que por vezes não tenha um post novo. Se gostarem e se acharem importante divulguem, mas não se esqueçam de avisar que este é blog diferente e que por isso é sempre importante ler o primeiro post.  Aos meus cinquenta subscritores a minha gratidão.

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